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12 fevereiro 2010

Da força dos opostos


O céu ribombava em trovões gigantescos gritando a fúria dos céus. As nuvens entumescidas e obesas num balé sarcástico se esforçavam para acompanhar o vento, vendaval, que assobiando a cantiga macabra, que só os ventos são capazes de saber assobiar, provocavam receio e medo em todos que percebiam o céu se desmoronar. A chuva não tardou a cair, alagando ruas, derrubando barracos, casas e levando carros de roldão. Várias árvores arrastadas sem piedade com raízes, folhas e frutos. Hortas desmanteladas,. Pomares desguarnecidos. Fome de amor na natureza saturada do vazio dos homens no dia a dia de sol.

O sol surgiu rapidamente e clareou o caos no sorriso amplo dos céus. As nuvens adelgaçadas e finas num balé enigmático bailavam em sintonia com a brisa, suave e meiga que arrefecia os poros de todos os seres humanos em carícia tépida e sensual num acalanto de amor, baixo ao céu a se azular. A vida não tardou a brotar, secando ruas, germinando novas sementes de árvores, através do pólen das asas das borboletas multicores. Hortas esverdeadas e vitaminadas. Pomares repletos de flores. Fome de amor dos homens vazios na natureza saturada do dia a dia de sol.

Bem como esses dois cenários de diferentes orgias da natureza, viva e eficaz, eu sou por alguns dias tempestade bravia e em outros brisa tépida em acalanto, sempre em função do amor que me tempera toda em toda e qualquer aflição.

E se algum dia quiseres, da alma de uma mulher, buscar a compensação entre a tempestade que assola e o sol que lhe consola, procura saber sempre qual é a distância entre ela e a lua.

E enquanto sobe a maré, na febre do próprio mar, eu me consumo nos dias entre a fúria e o sorriso dos céus, simplesmente pra te amar.

5 comentários:

  1. Márcia,
    Todos os seus textos transmitem vida. E eles falam a todo mundo, pois, saídos de dentro, podiam ser escritos por qualquer um, desde que tivesse seu talento. O que prova que aquilo que nos faz diferentes é o que somos, não como estamos.
    Um grande abraço,
    Eliane F.C.Lima

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  2. Quanto mais leio teus escritos mais te admiro,Márcia Vilarinho. Tens uma beleza interior que transparece no teu falar,nas tuas mensagens, no teu poetar. Aliás, mesmo tuas prosas são impregnadas de poesia. Alguém que se coloca "sempre em função do amor" só irradia luz para os outros. Amei teu Blog. Amei te conhecer mais um pouco. Amo teu jeito de amar. PAZ E BEM!

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  3. Querida Márcia,

    Um texto muito reflexivo, entre as tempestades e dias de sol
    Ficou maravilho do início ao final.
    Ah!O Amor, esta mola propulsora que nos faz enfrentar dias turbulentos com a concerteza que a bonança logo estará por ali.
    Os dias tornam-se calmos à partir que te leio
    és adubo fertizando solos infertéis,
    destribuindo aromas diversos por onde passas.

    Beijos de Luz!

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  4. Márcia querida.....teu texto vem com força, e assola os velhos pensamentos incrustados.
    Tudo que vai na alma...muitas destas coisas às vezes embotadas, você consegue resgatar...e quando vemos, estamos diante de nós mesmos através da tua escrita!
    Há mais do que a capacidade sensacional que você tem na escrita....é um talento inspirado, é a intensidade incontida. É a turbulência necessárias, para as tantas mudanças e reflexões que nos acordam!
    Simplesmente MARAVILHOSO!
    Aplausos para este momento de se reler!
    Beijo carinhoso
    Bea

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  5. Esplêndido texto, metáforas excepcionais- "balé sarcástico"-... "Fome de amor na natureza saturada do vazio dos homens" -..."febre do próprio mar..."
    Enfim ,reflexivo, empolgante.
    Talento inenarrável!!!
    Beijos com especial carinho.
    Marilândia

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