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19 outubro 2009

Metamorfose da chatice


Já começa, o dia, pelo barulho irritante do relógio, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, num crescendo vertiginoso, tomando o dia todo e todo dia também.

Pra completar, chove, não aquela chuva gostosa que nos faz pensar em dormir, aquela chuva horrorosa bem no dia em que você precisa sair e cumprir 24 compromissos, um por hora, sem dormir.

Trânsito, buzinas, carros, sirenes, motos, um montão de motos, muitas motos, mais motos, horário, não vai dar tempo, cheguei, não cheguei, fui, vi e não resolvi...

Caramba! Não almocei, não lanchei, me consumi e, mesmo assim, não assumi a metamorfose do eu, do meu, do sou e do estou.

Chega, chega, chegaaaaaaaaaaa, não quero mais essa rotina insana em que tudo é afazama.

Daqui pra frente apenas o tic, tac, do meu coração, que pulsa e regurgita vida, será o único relógio e também meu guia.

Quero fazer do dia apenas alegria e cores e sorvetes, ainda que em dias de frio, e risos e poesia.

Quero ovo frito, arroz saindo do fogo, na panela bem quente, batata palha feita em casa e salsicha.

De sobremesa, lanche e jantar eu quero bolo de chocolate, brigadeiro e marzipan.

Vou realizar minhas tarefas, quando tudo estiver calmo, em silêncio.

À noite de preferência, pra não perder o dia, o sol, no parto do renascer.

Mas só depois, que meu ser puder expirar, transpirar e recolher amor, aquele mais que verdadeiro.

Feito do fogo que enebria, sem ser eterno, ou repetido, exigido, cobrado, chato.

Quero-o infinito no minuto em que dure, esfuziante e pleno, meio etéreo, de preferência em tons de ouro sobre azul, que é a cor de todos os poetas.

Quero ser harpa e até violoncelo, compondo uma nova sinfonia a cada êxtase.

Romantismo sempre em voga, sempre, com tantos carinhos quanto risos e sorrisos magia em estertor.

Flores, perfumes, velas, penumbra, música, água, o som de água, o mar, talvez.

Que o telefone não toque e que eu crie em cada dia um novo plano pleno.

Que nas manhãs eu possa ser meiguice e calmaria quando espreguice.


E não vou ser, por enquanto, apenas avó precoce.

Porque estará sempre em mim o ser em apoteose.

Já que há tempo pra tudo, pra florir, semear e colher.
E o perfume existe em todas as estações do ano.

E aesse perfume é o que chamo minha alma de mulher.

Que eu faça da vida, nas manhãs, uma metamorfose eterna.

Transformando toda e qualquer chatice em estrela vésper.

Luminosa a bailar única no céu sem luar e escondida no dia a dia.

Num canto com encanto repleto de pleno e total mistério, porque
sou o que desejo e o que desejo é ser o que exatamente sou.

Criado e postado por
Márcia Vilarinho
19/10/2009

Um comentário:

  1. Minha amiga querida!
    Adorei essa bendita valentia!
    Junto-me a vc.
    Vamos fazer uma parceria!
    Se tudo fosse tão lindo assim,
    Que bom seria.
    Um paraíso,
    Uma confraria
    De amor, amizade e poesia.
    Mas isso não existe.
    É preciso vencer a ventania,
    Cantarolar a vida,
    Numa doce melodia.
    É tarefa para a mente
    leve, livre e solta
    que faz morada
    Na alma da gente.
    É por isso que somos
    Sempre contentes.

    Beijo grandão. Saudade, viu!
    Genaura Tormin

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