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28 setembro 2009

Sexualidade e paraplegia


Trago, hoje, parte de excelente artigo voltado à sexualidade das mulheres portadoras de paraplegia, como matéria de enfoque fundamental à auto estima e parâmetros de sexualidade da mulher, nessa qualidade, em vida ativa e feliz, que pode ser encontrado em sua íntegra no endereço eletrônico, abaixo indicado:


Acta Paulista de Enfermagem
Print version ISSN 0103-2100
Acta paul. enferm. vol.18 no.3 São Paulo July/Sept. 2005
doi: 10.1590/S0103-21002005000300005


Sexualidade e paraplegia: o dito, o explícito e o oculto

Inacia Sátiro Xavier de FrançaI; Adriana de Freitas ChavesII
IDoutora em Enfermagem; Professora Titular do Depto de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB - Campina Grande (PB), Brasil
“Enfermeira”


RESUMO

INTRODUÇÃO: A intenção de contribuir para o desenvolvimento de ações educativas que desmistifiquem mitos e tabus relacionados à sexualidade da pessoa portadora de paraplegia e melhorar a qualidade de vida desse tipo de cliente motivou a seleção do objeto "sexualidade da mulher portadora de paraplegia".

OBJETIVO: Compreender a construção de sentidos das mulheres portadoras de paraplegia acerca da sexualidade e relatar as barreiras enfrentadas por estas mulheres para vivenciar sua sexualidade.

MÉTODO: Estudo descritivo onde os sujeitos foram selecionados por acessibilidade, conforme critérios pré-estabelecidos e, utilizando-se a entrevista semi-estruturada, a coleta de dados e a análise de discurso emergiram categorias.

RESULTADOS: As categorias sinalizaram o processo de negativação da auto-imagem, do auto-conceito e de tendência a auto-discriminação, além de culpabilização, quando da sensação de orgasmo. Também emergiram categorias sinalizadoras da crença no casamento monogâmico como realização pessoal, e que o orgasmo é uma questão de conhecimento do próprio corpo e do corpo do parceiro.

CONCLUSÕES: Conclui-se que o mito da beleza e o mito adâmico normatizam a sexualidade dos sujeitos. Mas nem todas as mulheres estudadas seguem, à risca, as regras da cultura, de modo que um grupo de mulheres portadoras de paraplegia vivencia a sexualidade de forma diferente das demais.


INTRODUÇÃO


O conceito sexualidade adquire conotações diversas e em conformidade com os significados e os sentidos que lhe são atribuídos pela cultura em que as pessoas estão inseridas. Para alguns autores a sexualidade envolve as atividades sexuais biológicas, o conceito que a pessoa tem sobre sua masculinidade ou feminilidade o que influencia o modo como a pessoa reage aos outros e como é percebida por eles(1). A tendência dos pensadores contemporâneos é considerar a sexualidade como um aspecto intrínseco do ser humano que é mais expressiva do que o ato sexual, pois inclui os componentes biológicos, sócio-culturais, psicológicos e éticos do comportamento sexual(2).

Em se tratando da Psicologia Analítica, os seus autores referem que a construção da identidade e as atitudes comportamentais das pessoas são orientadas pelos arquétipos que correspondem aos resquícios psicológicos de vivências fundamentais comuns aos seres humanos, que permanecem cristalizados no inconsciente coletivo e são repassados, indefinidamente, de geração para geração(3).

Para esses autores, a sexualidade humana, além de ser influenciada pelos arquétipos da anima e do animus, é orientada, também, pelo arquétipo Afrodite, a deusa do amor, que era adorada pelos gregos e romanos devido a sua beleza, ternura e voluptuosidade(3). A influência da estética nas relações amorosas fazia com que os gregos confeccionassem espartilhos, sutiãs meia-taça, cintas, enchimentos, modeladores, máscaras faciais e maquiagem para realçar a beleza feminina.A mulher regida pelo arquétipo Afrodite vivencia a sexualidade relacionando-se bem com os outros e especialmente com os homens(4).

A ideologia da beleza, inclusa no mito Afrodite, incute na mente de homens e mulheres que um corpo escultural é sinônimo de sensualidade e de competência sexual e que o seu poder de atração depende da sua plasticidade e da inexistência de um corpo mais encantador que o seu. Assim, aquelas pessoas que diferem do protótipo social de beleza física não são consideradas atraentes. Daí porque levantamos o pressuposto que as mulheres portadoras de paraplegia são tendenciosas a alienar o próprio corpo e a negar o prazer devido a sua aparência física e ao medo de uma intimidade maior.

As questões ligadas à sexualidade dos portadores de deficiência física extrapolam o campo social e se inserem na área da assistência em saúde. Por isso, buscamos publicações no campo da saúde voltadas para o tema "sexualidade humana". Percebemos que o número de publicações enfocando a sexualidade do homem portador de paraplegia é bem superior àquelas que retratam a sexualidade da mulher paraplégica o que reflete escassez de informação, no âmbito das instituições e dos profissionais de saúde, em especial aqueles da enfermagem, no que concerne à sexualidade feminina.

Pensamos que o fato dos estudos sobre a sexualidade masculina predominarem sobre aqueles que enfocam a sexualidade feminina decorre de várias causas: A sociedade dissemina o discurso da igualdade entre os sexos, mas permanece atuando nos moldes do "machismo". Nas décadas 80 e 90 do século passado os homens representavam a maioria dos pesquisadores sobre sexualidade. Outrossim, é de senso comum que, tanto no mundo como no Brasil, os dados demográficos apresentam uma relação de quatro homens para uma mulher o que contribui para que haja mais homens "estudados".

A intenção de contribuir para o desenvolvimento de ações educativas que desmistifiquem mitos e tabus relacionados a sexualidade da pessoa portadora de paraplegia e melhorar a qualidade de vida desse tipo de cliente motivou a seleção do objeto "sexualidade da mulher portadora de paraplegia". E a eleição dos objetivos: compreender a construção de sentidos das mulheres portadoras de paraplegia acerca da sexualidade e relatar as barreiras enfrentadas por estas mulheres para vivenciar sua sexualidade.


Postado por Márcia Vilarinho
28/09/2009

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