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23 junho 2010

O falso canto dos cisnes num lago de lágrimas


Num desabafo de dor
De muito tempo atrás
Hoje reúno forças
Pra perguntar

Quando a doença aconteceu
Onde estavam vocês?

Ele os tinha a todos como amigos
Onde estavam vocês?

Quando seu corpo esmorecia
Onde estavam vocês?

Quando a porta se abria
Onde estavam vocês?

Quando a maldade feria
Onde estavam vocês?

Quando de mim falavam
Quando me julgavam
Vocês sabiam onde estavam
Não é?
Mas não me conheciam
Quantas vezes se perguntaram
O que eu sentia
Quantas vezes tentaram se acercar
Quantas vezes de medo correreram
Por pura ignorância
Desconhecimento mesmo
Falsidade dura, pura
Mas não correram da injúria
Da perjúria
Do maldito julgamento
Porque eu continuava
Indo pro Lar
Cuidar dos idosos
Uma vez por semana
Porque um psiquiatra me disse
Não pare de fazer nada do seu dia a dia
Quem está doente é ele
E se você parar
Assim que ele falecer
Porque condenado está
Você o chão vai perder
Sem o reencontrar
E aí eu torno a perguntar
Onde estavam vocês?
Porque eu estava com ele
E nós dois os alimentávamos de amor
E nós dois nos alimentávamos de amor
Do mais puro e belo que já se viu
E ainda o trago em mim
Na última lágrima que ele chorou
Quando os procurou
E não os encontrou
E depois quando ele se foi
Onde estavam vocês?
Aonde estão vocês?

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


6 comentários:

  1. O dia nasce mais lindo pois ler-te Márcia é sempre uma grande alegria. Linda poesia!! Bom dia, beijos no seu coração ;)

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  2. Márcia muito bonito o desabafo em forma de poema. (Penso eu!).
    Li um dia destes que: Se não quizer adoecer, fale de sentimentos.
    Um grande abraço!

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  3. Olá Márcia.
    Acredito que dispensa dizer o quão belo é seu escrever.
    Não tão somente um desabafo, mas um choro da alma.
    Me felicita saber, que mesmo diante do inevitável não se renderam e de amor se alimetaram.
    E tão somente por ele, é que se tem hoje presença mesmo não se tendo a carne.
    E é assim, tão somente assim que o verdadeiro amor se pronuncia.

    "Aplausos" e muitos beijos.

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  4. Falar sobre a beleza dos seus poemas é algo
    repetitivo.
    Mas a pergunta "Onde estavam vocês", embutida com
    tanta sabedoria na sua poesia, merece meditação.
    Quantas e quantas vezes,vivendo situações cheias de aflição e de dor, olhamos para os lados e só vemos o vazio, como um céu sem estrelas. E na
    solidão a dois, permanecemos sem esperança de
    companhia, ato fim, mas sempre nos perguntando
    "onde estão vocês?
    Um grande abraço do seu amigo,
    Théo Drummond

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  5. Quantas vezes, querida amiga,vivemos situações
    em que a ausência de tantas pessoas nos faz
    sofrer em silêncio, cercados apenas pelo vazio? Na solidão a dois, a espera de um final que
    sabemos inevitável, olhamos ao redor e vemos
    móveis, cortinas, tapetes, nada que lembre a presença de quem também devia estar ali. Esta
    é uma situação cruel - mas que existe, e como! -
    e por isso vale, nestas horas ou depois perguntar com voz amargurada, "Onde estavam vocês?"
    Abraços do
    Théo Drummond

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  6. Poesia e amizade. Encontro aqui.

    beijos ternurentos

    Clau Assi

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