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08 agosto 2010

Pais especiais


Ao meu pai – Lembro-me de um dia em que eu passeava desesperada o meu livro de botânica pelo gramado, tentando entender todos aqueles diagramas que demonstravam as mais diferentes gramíneas. E você, pai, sentado no seu banquinho especial de lazer, tirando as “tiriricas” da grama, me disse. O que foi! E eu lhe respondi que teria prova ao dia seguinte e não conseguia entender a matéria. E você, puxando com cuidado da terra, arrancou uma gramínea em que se vislumbrava, com clareza, todas as suas partes desde a raiz às folhas. Mais, ainda, você falou, filha muitas vezes olhamos tanto para frente que nos esquecemos de olhar para cima, para baixo, ou para os lados, e, assim, se torna muito difícil aprender. Pai, você se foi e eu aprendi a olhar para cima e vislumbrar você entre uma nuvem e outra ou entre um raiozinho de sol e outro e agradecer a Deus a felicidade que foi haver tido você por meu pai, permitindo-me a possibilidade de olhar para baixo e abaixar-me para reconhecer nos passos a beleza e a constituição do caminho e a olhar para os lados para saudar no outro o elo de sabedoria que soma a mim. Pai eu te amo eternamente.

Ao meu marido, que se fez pai em mim – Lembro-me da sua alegria contagiante ao nascimento de cada um dos nossos dois filhos e do amor que você revelava em tudo o que partilhava com eles, desde os “origamis”, que desde pequeninos eles aprenderam a fazer, traduzindo a sua imensa paciência e carinho inesquecíveis, como sintonia plena de vida. Lembro-me de você como Peter Pan, vibrando a cada festa de aniversário, de formatura, desde o pré até onde você conseguiu chegar, com cada um deles, antes da sua partida derradeira ao etéreo. Lembro-me, ainda com a mesma euforia, do seu companheirismo durante nossas vidas assim em elo, mais ainda durante a gravidez e depois a cada etapa de vida vencida com eles e por eles, nossos filhos. Ka eu te amo eternamente.

Ao meu amigo, pai assumido, pai leal, companheiro e repleto de amor, sábio na espera, atento a todos os sinais, alegre, aprendendo com o filho, buscando entender cada pedacinho do caminho e muitas vezes angustiado por não consegui-lo. Sua sinceridade, meu caro, é algo que nunca me esquecerei. Lembro-me de vê-lo num dos momentos difíceis da vida para o pequenino, quando se lhe foi a avó, vocês ali lado a lado, quietos, mas transmitindo todo o amor e a força pra vencer aquela primeira e tão expressiva ou reconhecida perda. Lembro muito mais e muito admiro você, amigo. Também te amo eternamente, porque amigos também dizem eu te amo.


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

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