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13 novembro 2012

Irredutível mesmice?



Caminhando pelo etéreo custo muito a aterrissar no plano terreno e, hoje, quando aterrissei, percebi quão difícil é para as pessoas voarem...em direção...ao seu próximo mais próximo...seja ele quem for....e s p o n t a n e a m e n t e.
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E o mais interessante é que tanto consigo planar quanto fincar os pés na terra, com a mesma noção espacial e especial de quem sou, o que faço e o que desejo, realizando os resultados tanto num campo como n’outro.
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E perscrutando com o olhar d’alma um pouco mais além eu percebi quão ajustados os seres humanos estão à obrigatória limitação corpórea sem perceberem que ela é um instrumento necessário para a sobrevivência...apenas... neste planeta.
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E essa limitação corpórea vai desde o corpo ao copo à cama à casa ao carro aos filhos à esposa ou ao marido aos amantes à indumentária ao padrão do restaurante à marca do carro ou do computador ou a tudo aquilo que os professores nos ensinaram, lá nos primórdios da infância... substantivo é tudo aquilo que se pode pegar.
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E poucos se fixam no adjetivo...objetivo real...no sentido verdadeiro...e como isso é notório...porque somente o adjetivo qualifica... e as pessoas tendem a somar “pseudos adjetivos” sem buscarem-nos em suas essências, como se substantivos, de fato, fossem e acrescentassem itens a um patrimônio “moral”, tão falso quanto, e material, como se tudo fosse a mesma coisa....
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E aí vemos estupefatos moças e moços, senhores e senhoras...corporificados...com seus copos...via de regra....mesmo que sejam com bebida alcoólica ou água....ou ainda uma xícara de café....competindo e competindo e competindo....quanto às qualidades dos bens materiais a que se apegam e pelos quais, pasmem, se tornam absolutamente iguais...ou do quanto o trabalho os estressa...ou de frases feitas que repetem e repetem e repetem como se fossem engraçadas...que...incapazes de uma conversa produtiva...terminam seus encontros....satisfeitos....pela grande diversão auferida nessa vazia e vaga competição....quer seja em casa ou em algum imenso salão.
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E eu olho e eu olho e eu vejo e quanto mais eu olho e quanto mais eu vejo...chego à conclusão de que as pessoas se fazem apenas eventuais colegas...sem conseguirem se fazer amigas....na mesma proporção que o significado do substantivo, quer próprio ou comum, é completamente diferente do significado do adjetivo.
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.Vale, vale mesmo, pensar que para que o adjetivo exista o substantivo é fundamental... tanto quanto o material é fundamental para a nossa sobrevivência....neste planeta....mas o adjetivo.... vai além....e acredito até que...é o que torna diferente de fato...ampliado ..... qualquer substantivo....por isso a amizade é imorredoura...sem importar onde se encontrem os amigos...feitos qualidade.
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E nessa crônica indago o que fazer com esse cansaço que o substantivo traz.... ao ver ao meu lado tantos colegas...politicamente corretos..... em mesuras e posturas...querendo encontrar amigos.....que me parecem cada vez mais longínquos do sentido que a amizade tem....por isso acho que cada vez mais custo tanto a aterrissar...nessa mesmice. Irredutível mesmice?

 Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
 

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