I
Do
alpendre do apartamento
Que alpendre
me faz lembrar
Da samambaia
de metro
Bonita
em sua folhagem
Companheira
de passagem
Da
infância em sonho aberto
II
Desse a l p e n d r e
Onde me
sirvo o café da manhã
Enxergo
árvores e ninhos
De
gente e de passarinhos
E pela
manhã o sol adentra
No
brilho que reinventa
III
E à
noite....
Nesse
mesmo alpendre
A lua
ciumenta
Vem
competir com o sol
E
sensualmente lenta
Também
é da vida...o sal
IV
E hoje
no meu alpendre
Chegou
sorrateiramente
Uma
cigarra que cantou
Cantou
e encantou
E de
tal forma se anunciou
Que me
vi formiga latente
V
E prometi
Aos
frequentadores do alpendre
Às
folhinhas e aos raminhos
Que
mesmo sendo formiga
Vou
modificar-me um pouquinho
Aprendendo
a cantar também...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da
série “Momentos”
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