De tanto ter que suprir
Aprendi a não desistir
De tanto ter que fazer
Esqueci de descansar
De tanto ter que viver
Não deixei de respirar
De tanto ter que ser mãe
Fui ventre por inteiro
De tanto ver sofrer
Tentei fazer sorrir
De tanto ter que defender
Fui loba, leoa em fera
Despreparada, desprotegida
Ríspida, agressiva, defensiva
Silenciosamente chorosa
Amorosa como a rosa
Na seiva que a torna assim
E muitas vezes fui carmim
Amei, desejei, fui amada
Desejada e apaixonada
A vida veio
Varreu o meu caminho
Levou meu amor pro amanhã
Lá no etéreo
Deixando-me aqui no térreo
Sem qualquer elevador
Sem qualquer elevador
E o tempo foi passando
Esvaziando o ninho
E a metamorfose chegando
Transformou me
Em carinho
E de tão carente
Ninguém me reconheceu...
E foi então que eu disse adeus
Às minhas cascas enfim
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Em meio ao dilúvio em mim
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