Sou e, por momentos, acredito que seja,
você, “Ego”, a minh’alma, ou boa parte dela, tão sincronizados
convivemos em todas as situações do dia a dia...imaginando... que assim
também tenhamos nos comportado nas situações de séculos a séculos.
Então, nesse tempo tão inteiro, “Ego”, você, consegue, num concerto a
seis mãos, executar a uníssona melodia “Vida” em partitura de clave
moral, dedilhando em conjunto, com plena complementariedade, em soma, as
teclas em sustenidos da humildade, consciência, alegria, sabedoria e
moral, sem dissintonias com quaisquer dos bemóis, que podem significar, e
acho mesmo que significam todas as conotações melódicas da genética
dominante, num mesmo corpo, diferente do anterior, que nos abriga, em
cada encarnação, em escalas modificadas a qualquer tempo pelo evento
vida ou morte.
Pois é, de repente, surgem maestros diferentes, que
tendem a reger a partitura da “Vida”, sob várias batutas e, então, no
sobe e desce dos sinais que oferecem, de acordo com o ritmo, já não sei
mais se sou “eu” ou é “parte do você eu” quem desafina....se sou “eu” ou
se é “parte de você eu” quem não combina.
E se maestro rima com
maestria, temos todos os elementos de nossa família, desde lá de muito
aquém, daqueles que já se foram e, dependendo de seus “ids”, “egos” e
“superegos”, se transformaram em cometas, até os que diariamente
repetindo e repetindo e repetindo nos ensinam a falar, pensar, viver e
ser – e quem não diz que são eles os maestros - e, então, quantas vezes
sou obrigada a falar por “você eu parte do meu ego”, que nasceu mudo,
mas não deixa de se expressar, em diferentes partes do meu “eu em soma”
e, no entanto, sem ser o que eu queria dizer, fico “o simplesmente eu”
que sei falar, totalmente mudo, mutatis mutandi, e então a “partitura”
da Vida se “parte” em duas, e ninguém mais sabe qual dos maestros rege o
nosso simples “eu”.
Instalada assim a subtração da concordância, em
regência una aceita, surge o samba pleno misturado com a mais melódica
sinfonia, em diferentes claves desconhecidas pela aberração de parte do
“eu enlevado pelo ego inteiro” ou apenas por “parte desse mesmo ego
inteiro”, pois o ego não aceita ser apenas o “eu”.
Nesses momentos,
portanto, ego querido, na associabilidade que nos compete, na vivência
una, venho sugerir que seja eu, assim tão “simplesmente eu”, a sua
maestra, porque somente dessa forma você aceitará ser eu, e se a
partitura rota estiver composta por duas páginas rasgadas eu as colarei
para que as leia...e então as claves serão as dominantes escritas pelas
linguagens de valores do Universo e as notas musicais serão as etapas
vencidas, juntas, a comporem, exatamente assim, a partitura “una” que
afina a vida e não confina o eu.
E acho que isso somente acontece na
velhice... cabendo a todos os maestros, que ainda surgem, apenas
revisarem a partitura una da melodia “Vida” que flui pelas próprias mãos
do afinador do teclado que, finalmente, é o “simplesmente eu”.
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Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da Série “Ser”