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23 março 2014

Flash


Corpos que se extravasam
Corpos que se distanciam
Corpos que se saciam
Corpos que silenciam
E na taverna da vida
O vinho dos sentimentos
Adormece o cérebro
Embebedando o coração
E nesse cenário espúrio
Despida de carnes a alma
Reluz no reflexo da lua
A sua própria ternura
Tal maré que beija areia
E na algazarra da noite
Estrelas são vagalumes
Alguns sussurram prazeres
E em outros a lágrima brota
E no canto qual fotógrafa
Num flash sorrateiro e cabal
Eu vejo que há copos cheios
De estanho tão amassados
De cristal sempre trincados
Quebradas as transparências
E outros de borracha latente
Sem nunca se distorcer
Contendo amores e dores
Por toda uma vida inteira
E na taverna da vida
A noite suplanta o dia
Que novamente já vem
Corpos são copos d’alma
Que a vida em si a retém
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da Série "Flashes"

09 março 2014

E ainda me perguntas?

Me perguntas por que
Das poesias te escondi?
E direi que a ti minh’alma
Falou diretamente do amor
Que foi norte e sul
Dia e noite
Desse terno caminhar
E dos dias escuros
De saudade camuflada
Em que a chuva foi lágrima
Que lentamente rolou
Nas faces do rosto
Leito dos sentimentos
Represados no dique
Desses olhos meus
Que foram sempre
Inteiramente teus
E me perguntas
Por que de poesia me vesti?
E te respondo
Foi para esconder-me nua
Por que teu nome
Em mim a vida tatua
Na pele e na epiderme
Escrevendo tão somente
Teu prenome...AMOR
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Incógnitas do meu ser”
.