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29 março 2011

Equações da vida

Meu primeiro amor
Eterno
Aquele que me cativou
Companheiro
Amigo, cúmplice
Amante
Pai dos meus filhos
Senhor absoluto do meu eu
A vida te levou
E foi triste a partida
E no aeroporto
Intergalático
Ninguém anunciou
O vôo dos desaparecidos
E tudo mudou
O que ficou?
Você pra sempre
No meu eu
E a morte se fez vida
Não doeu
E assim nos fizemos
Sinal de igual
Na equação do amor

O segundo
Apareceu
Pareceu amor
Num outro eu
Perfeito
Nato
Belas palavras
Gestos belos
Sentimentos parcos
Lealdade
Qualidade
Amizade morna
Identificação
Perfeccionismo
Protecionismo
Animismo?
Medo
E se foi
E a vida se fez morte
E essa morte doeu

No começo foi difícil
Muito difícil
Depois
O tempo foi passando
Em passado tempo
Lembrança...
A seguir o vento
Rosto perdido
Na noite
Sem alento
O sol "reascendeu"
A lua reapareceu
A vida se revelou
A alegria acordou
O que ficou?
Apenas o que calou
O que parou
O que não permaneceu
Em você e no meu eu

Passou
Sem chegada
Sem partida
Sem hora marcada
Sem lembrança escancarada
Sem magia
Anemia emocional
Letal
Sem enxerto
Sem cor
E assim nos fizemos
Sinal de igual
Na equação da dor

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

23 março 2011

Metamorfose afinal

De tanto ter que suprir
Aprendi a não desistir
De tanto ter que fazer
Esqueci de descansar
De tanto ter que viver
Não deixei de respirar
De tanto ter que ser mãe
Fui ventre por inteiro
De tanto ver sofrer
Tentei fazer sorrir
De tanto ter que defender
Fui loba, leoa em fera
Despreparada, desprotegida
Ríspida, agressiva, defensiva
Silenciosamente chorosa
Amorosa como a rosa
Na seiva que a torna assim
E muitas vezes fui carmim
Amei, desejei, fui amada
Desejada e apaixonada
A vida veio
Varreu o meu caminho
Levou meu amor pro amanhã
Lá no etéreo
Deixando-me aqui no térreo
Sem qualquer elevador
E o tempo foi passando
Esvaziando o ninho
E a metamorfose chegando
Transformou me
Em carinho
E de tão carente
Ninguém me reconheceu...
E foi então que eu disse adeus
Às minhas cascas enfim

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Em meio ao dilúvio em mim

18 março 2011

Somos a poesia do Universo

Há tanta poesia
No mistério do Universo
No canto do rouxinol
No marulho do mar
Na célula e no gem
No gemido e no sorriso
Na brisa que vai e vem
Na chuva que cai com desdém
No raio do sol refletido no orvalho
Na força do carvalho
Na vida e no além

Há luminosos vultos
Que bem longe deste aquém
Galopam no arco íris
E dormem nas estrelas
Caminham pelas luas
Irradiam inspiração
Que nos chega ao coração
E de nossas mãos brotam escritas
Em perfeita sintonia
Palavras em melodia
Repletas de universos

Únicos versos somos
Células do Poeta Maior
Autor da Vida
Poesia em gestação
Repleta de galhardia
De cores em profusão
De sonhos, realidades e metas
E se hoje sou amor
E você está comigo
Somos então meu querido
A poesia do Universo


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

14 março 2011

Poema da constatação


Sou o Olimpo
Olimpo cansado
Repleto de partes
Partes tão simples
Partes que se repartem
Rodeado por deuses
Apolos e Afrodites
Homens e mulheres
Perfeitos
Emergentes
Radiosos
Exigentes
Meticulosos
Harmônicos
Egocêntricos
Irretocáveis
Irrepreensíveis
Vazios
E... totalmente cegos
Sem Tirésias

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

10 março 2011

Luzes sem neon

Luzes sem neon
Cadafalso de ilusões
Estranguladas
Esvaidas e exangues
Das tuas asas
Tão sem vôo
Dos pisos falsos
Dos teus passos
Engessados
Destruídos
Em feitos
Dos caminhos
Salas de aulas
Em lições não aprendidas

Criado e postado por Márcia Vilarinho Lopes

06 março 2011

Saudade seu nome é o meu


É noite
Gemem meus suspiros a dor
Escondida dos dias
Dos olhos dos mortais
Rescendendo à fleuma
Dos caminhos
Azaléas hoje estão tristes
Desbotadas
Sem sementes germinadas
Choram os chorões
As nuvens cinzas
Com inveja choram também
O sol lá longe em burburinho
Brinca de esconde esconde
No lufa lufa da vida
A sua ida
Repartida em mim
São as minhas cores recolhidas
Saudade
Seu nome é o meu.

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

02 março 2011

Louco


Bebeu com o olhar
Sorveu o sorriso
Abraçou a brisa
Cavalgou a noite
Acordou o dia
Vestiu o arco íris
Pairou sobre o mar
Navegou, singrou
Voltou
Apostou a vida
Dançou com a morte
Dormitou com a lua
Na rua
Sentiu-se
Louco
Liberto
Fugiu...

Em homenagem a todos os tidos por loucos que conseguem fugir do convencional.

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes