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25 dezembro 2010

Pinheirinho de Natal

 Sentada frente ao sol
Na sacada de minha casa
Olho o dia e bebo a luz
Feita da Noite de Natal
Ao meu lado um pinheirinho
Frágil como um segundo
Feito do oxigênio do mundo
Parece querer conversar
E me conta dos momentos
Tantos que já viu passar
Diz me da saudade da mata
Da simplicidade natural
Das sementes em gestação
Que sempre são mutação
Diz me das sementes da vida
Dos seres em expansão
Diz me da desenvoltura
De seus galhos se formando
Prontos a receber os ninhos
E o canto dos  passarinhos
Sempre voltados ao céu
E livre como um menino
Fixo em suas raízes
Preso nos seus limites
Vive a contradição
Buscando a realização
Tanto quanto eu
Somos na lei do universo
Parentes em extinção?

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


18 dezembro 2010

O canto do poeta


Todo dia canta a cotovia
No balanço do trem
Abarrotado de gente
Cansada do final do dia
Sem alcançar o final da lida
Miserere nobis
Ora, ora pro nobis
.
Todo dia canta o rouxinol
Sua tristeza ao ver
Crianças vazias
Nas ruas cheias de gente
Sem alcançar o final da dor
Miserere nobis
Ora, ora pro nobis
.
Todo dia canta o bem me quer
Seu desalento pelos casais
Repletos de desamor
Ilhados na solidão a dois
Sem alcançar o final do circo
Miserere nobis
Ora, ora pro nobis
.
Todo dia, afinal, canta o poeta
A esperança de ser amor
Os segundos de cada vida
Na beleza do universo
Dos sentimentos em verso
Jesu Christe
Hosanna in excelsis
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


14 dezembro 2010

Fogo fátuo

O cinza da chuva
O breu da saudade
Matizam meu eu
Em suavidade
O som do acalanto
No abraço do vento
A pele arrepia
Me lembra você
Teus passos ao largo
Copiam os meus
No rastro da areia
Que o mar devolveu
O brilho do orvalho
Orvalha meu ser
No vazio do olhar
Sem nada pra ver
No entorno do aro
Sou fogo ardente
Que gira e apaga
Apaga sem ser

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


12 dezembro 2010

A ilha


Além muito além de mim
De você
De nós
Nas galáxias perdidas
Da humana visão
Existe uma ilha de vida
Em espectro colorido
Em amplidão
Onde a linguagem
É expressa
Somente com a emoção
A alma escreve
O coração dita
O sol energiza o texto
A lua lhe coloca amplidão
Com estrelas em conspiração
O mar enleva e leva
Flores e sementes
Na fragrância da paixão
Lá amor é tão real
Verdadeiro e leal
Que o sonho
Não deixa crer
Porque o sonho
E a realidade
Andam juntos
Num só ser
Essa é a ilha Poeta
Onde busco inspiração

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

04 dezembro 2010

O diapasão

Era uma pedra
Um diapasão
No meio da rocha
O vento a beijava
E ela gemia
E o mar marulhava
E ela entendia
E o sol borbulhava
E ela fervia
A lua surgia
E ela fugia
Do som
Desterrado
Do seu coração
Era uma pedra
Em  diapasão

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

02 dezembro 2010

Limalha de ferro


Limalha de ferro
Voando ao vento
Batendo no peito
Do homem sem dor

Limalha de ferro
Pedaços de um todo
Que se espatifou
E o vento levou

Pra longe da vida
Pra longe do mar
Pra longe do ar
Pra não se juntar

Limalha de ferro
Tão forte que era
No todo que encerra
Se disseminou

Limalha de ferro
Pedaços partidos
Buscando meu eu
Que não se acabou

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes