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30 julho 2010

Choro represado


Destrói-se o dique afinal
Rasga o grito
Calado e mal murmurado
Todos estes anos enfim
No pranto que não chorei
Na força que resgatei
Em cada fibra de amor
Nos meus momentos de dor
Teu rosto pálido sem cor
Teus cabelos negros
Tão cansados
Teus olhos cerrados
Bonito, tão bonito, ainda
No teu traje de passear
Tua vaidade simplista
Teu bom gosto natural
Não mais sorrisos
Não mais chistes
Nem abraços, com calor
Nem beijos tão desejados
Nem corpos em cobertor
Na união do desejo
Na realização do amor
O frio do inverno te agasalha
O fogo do inferno me mata
Na saudade dolorida
Maior que toda minha vida
Dos momentos
Companheiros
E da minha garganta cerrada
Do meu sentimento trancado
No dique arrebentado
Nas lágrimas que te banham
O meu grito ecoa além

Volta!


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

26 julho 2010

Muralhas internas


As brisas deslocam fatos
Do ontem que chegam ao hoje
Em forma de ventania
Pedaços de sentimentos
Bordados dentro de mim
São dunas em plenas praias
Na minh’alma agitada
Sem porto e sem nem um cais
São feitas de grãos de areia
Que somados geram milhas
Sem visão por escotilhas
Desse teu medo dolente
Desse teu ser simplesmente
Amigo tão sem abrigo
Amigo órfão de amor
Sem choupana nem sapé
E hoje não reconheço
Nem teu verso nem tua fala
Porque a amargura cala
A minha decepção e dor
Recolhe-te como feto
Embrião posto em muralhas
No útero do desamor
Deserto do meu calor
Que nas noites e nos dias
De solidão tão presente
Ao teu redor firmemente
Era teu lume e teu cetro
Pondo-te como um rei
E esse lume apagado
Assim por ti descuidado
Fez que de forma latente
Sumisses dentro de mim
E o teu eco longínquo
Em tuas próprias muralhas
Será sempre tua fala
Voltada somente a ti

.......

Dunas em vendaval


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes





24 julho 2010

Para Genaura Tormim


PARA MINHA AMIGA GENAURA TORMIN
PELO FALECIMENTO DE SUA IRMÃ
 GRAÇA

Na força da emoção
E da convicção
Que a estrada afora se alarga
Repleta de luz e cores
Toda multicores
Pra que prossiga sua irmã
Em arco íris bendito
Rumo ao por do sol do infinito
Acompanhada por um séqüito amigo
Em muito boa direção
E lá no alto do topo
Nos píncaros do Universo
Que a receba
No agasalho do abraço
Com um sorriso bem bonito
Na paz e vitória do amor
O nosso tão querido Criador
E assim, eu que por telefone ou net
Não te consigo alcançar
Penduro me na poesia
Pra poder te abraçar
Conte comigo amiga
Pra esse triste trinar
No gorgeio da saudade
Nas asas que já podem voar.
Beijos
Sua amiga
Márcia Vilarinho


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

18 julho 2010

Liberdade de ser


Não mais passarão ao largo
Os momentos lindos fincados na retina
Os sentimentos escritos em mim
As vivências, em cada minuto, assim
As alegrias e as cores que me enlaçam
Num abraço nu
Sem mascaramento
Sem sombras
Sem dúvidas
Sem tormentos
Não, não me passarão
Nem me tomarão
A vontade livre de ser
Amor refletido e reflexo
Em cada célula
Traduzido em DNA
Nem, os sonhos
Nem o mar
Nem o universo
Nem a minha totalidade
Em meu mais íntimo eu
Pois tudo isso me pertence
Porque sou parte como verso
Da poesia maior chamada vida
Não, não me tomarão
A palavra ou a escrita
A sinceridade pra descrever
O canto sonoro da poeta
Da mulher
Que se agita em asas de vôo
E revoa em seu próprio palpitar
Não, não me tirarão
A loucura de ser eternamente sã
Eternamente verdadeira
Eternamente tua

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes




15 julho 2010

Ora pro nóbis, Senhor



Das crianças abandonadas
E de todos mais
Que assim estão
No frio que mata
Nas calçadas
Vestidos de jornais
Manchetes de jornais
Meninos e meninas
Abandonados
Cansados
Desumanizados
Em dores
Em poucos risos
Às vezes contentes
Com o pouco de nada
Que têm
Na espera
De um socorro
De um alento
Sem tormento
Como gente sã
Ora pro nóbis Senhor
Senhor que passa
E senhora também
E menina que vai
E menina que vem
Quantos corações apertados
Tristes e encharcados
Desse frio de dentro
De cada pessoa morta
Pro seu irmão
Que morre no frio
Que vem de fora
Faminto
Sedento
Sem nada
Sem ninguém
Descalço no chão
Nas calçadas
Nas sarjetas
Em meio
A outro tipo de população
Olha bem, olha bem!
Nos olhos!
Esses também são irmãos
Acordem mandantes
E mandados também
Acordem prum mundo
Tão triste
E não tão além
E aí
Ora pro nóbis Senhor
E senhor
E senhora também
Estão reclamando
De quem?
Por quem?
Se tão aquém...estão
Eles não têm depressão


Criado e postado por Márcia Fernandes VIlarinho Lopes

11 julho 2010

Ressurgir


Já não há mais cadência
Nem conversa
Nem junção
Somente contas
De um rosário
Cuja reza acabou

Já não há mais corpos
Nem amores, flores ou cores
Entrelaçados em ramos
De perfume sem igual
E até o orvalho
A chuva apagou

Já não há mais dia
Nem gotas de alegria
Nem mesmo sedução
O encanto que existia
Que fremia
Terminou

Mas ainda há noite
Pra poder sonhar
E novamente
Silentemente
De tantas névoas
Ressurgir e amar


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Homenagem a todos os desencantados de amor



09 julho 2010

Momentos


O reflexo do sol
Diretamente em mim
Naquele meu caminho
Fez-me te encontrar
Em tua rota diferente
E  tão especialmente
A beleza do sol
Assim tamanha
Desde o firmamento
Em poderoso alento
Clareou o amor
Que dormitava
Há tanto em mim
E o acordou
E na estrada
O brilho rei
Feixe de luz
Nunca apagada
Assim dourada
Feito em telefone
Ou uma telepatia
Em imensa euforia
A me conduzir
Fazendo me pousar
Como etérea flor
Em pétalas
Raios de sol
Decompostos
Em luzes multicores
Junto ao teu coração
Para sempre

Momentos são tantos
Mas poucos tão intensos


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

07 julho 2010

Ternura



Quando te olho,
E te vejo assim
Tão desvalida
De vida
Pela tua idade
Em tamanha qualidade
Eu sinto toda essa ternura
De ter nascido de ti
Ter sido acalentada
Amamentada
Aprendendo a caminhar
Até conseguir chegar
Até aqui

Quando te olho
E te vejo assim
Tão trôpega
Em teus passos
Vencendo espaços
Chegando até mim
Eu sinto toda essa ternura
De poder ser
Tua sustentação
Vida revivida
Fonte renascida
Nas minha entranhas
Mãe


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes