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29 junho 2010

Ode à felicidade



Minha pele sorri a cada raiozinho de sol.
Meu cabelo lateja ao brilho do dia.
Minha sensação de paz se amplia
Ao acordar

Meu sangue se alimenta ao café da manhã
Minhas mãos bocejam e ensejam
O começo do trabalho sem afã
Ao me levantar

Meus pés inertes rolam entusiasticamente
Buscando a trilha que segue do ontem
E de ontem em ontem faz o hoje sempre
Ao continuar

Meus olhos cantam de galho em galho
Junto com a passarada em vôo lento
E minha alma se expande em brilho
Ao somar

Nesse corpo,
Casa mantida
Da alma, abrigada
Sigo eu...feliz


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

25 junho 2010

Gotas de sedução


Eu te amo e muito e tanto
E ainda que a modernidade me vista
Que o computador insista
Que a internete seja minha morada
Ainda que o trabalho me faça renovada
Por esses tempos globais
Eu quero o gosto da conquista
A sedução intrigante
O ir e vir do olhar
Em expresso desejar
E sigo te amando assim
Sem falar
E sem calar
O corpo expresso
Sem se revelar
Sem lhe demonstrar
O que você tão bem já sabe
E sente e talvez espere
Ou se desespere
Não sei!
E, no entanto, e tanto
Em frêmitos de alegria
Te abraço e te acalanto
No meu mais que desejar
E agora no meu tempo
Sem pressa e com vagar
Eu te amo, e tanto e tanto
E  sempre tua
Ainda muda
Meus sentimentos são o sol
Minha espera é a lua
Que te configura
Em meu coração
Feito estrelas
Que não param de brilhar
Em gotas de sedução
Até você se achegar

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

24 junho 2010

Canção da dor silente



Como índias carpideiras
Nas ocas em palheiras
Meus olhos em dor silente
Cantam meu Peri ausente
Que tão só me deixou

Com o orvalho da manhã
Enfeitando toda a ocara
Meu coração cunhatã
Chora como acará
Feito pedra a soluçar

Como as estrelas da noite
Como os raios e o luar
Como o fogo da clareira
Diante da grande aroeira
Cantando para Rudá

Sou seixo que rola
Nas águas de prata
Sou canto nascente
Sorriso inocente
Que clama o amor

No meio da taba
Num canto da oca
Perfume de flor
Gigante essa dor
Peri não voltou


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

23 junho 2010

O falso canto dos cisnes num lago de lágrimas


Num desabafo de dor
De muito tempo atrás
Hoje reúno forças
Pra perguntar

Quando a doença aconteceu
Onde estavam vocês?

Ele os tinha a todos como amigos
Onde estavam vocês?

Quando seu corpo esmorecia
Onde estavam vocês?

Quando a porta se abria
Onde estavam vocês?

Quando a maldade feria
Onde estavam vocês?

Quando de mim falavam
Quando me julgavam
Vocês sabiam onde estavam
Não é?
Mas não me conheciam
Quantas vezes se perguntaram
O que eu sentia
Quantas vezes tentaram se acercar
Quantas vezes de medo correreram
Por pura ignorância
Desconhecimento mesmo
Falsidade dura, pura
Mas não correram da injúria
Da perjúria
Do maldito julgamento
Porque eu continuava
Indo pro Lar
Cuidar dos idosos
Uma vez por semana
Porque um psiquiatra me disse
Não pare de fazer nada do seu dia a dia
Quem está doente é ele
E se você parar
Assim que ele falecer
Porque condenado está
Você o chão vai perder
Sem o reencontrar
E aí eu torno a perguntar
Onde estavam vocês?
Porque eu estava com ele
E nós dois os alimentávamos de amor
E nós dois nos alimentávamos de amor
Do mais puro e belo que já se viu
E ainda o trago em mim
Na última lágrima que ele chorou
Quando os procurou
E não os encontrou
E depois quando ele se foi
Onde estavam vocês?
Aonde estão vocês?

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


20 junho 2010

Atalho e Caminho


Somos versos despedaçados
De uma poesia que não acabou

Somos corpos cansados
Num abraço que não terminou

Somos um ato em cena
Encenando o próprio ato

Somos teatro e platéia
Num todo que se enlaçou

Somos ribalta e futuro
Na busca que não caminhou

Somos atalho e caminho
Que o tempo direcionou

Somos desejo e anseio
Num rito que não vingou

Somos um grito mudo
Que a vida prefaciou

Perpendiculares da vida
São paralelas perdidas
Que a vida assim desenhou


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


14 junho 2010

Minha meiguice, seu silêncio



Grita meu coração
Expande minha alma
Meus olhos são dourados
Pela imensa luz do amor
Do sol
Da Lua
Das estrelas
Sou romântica
Sou semântica
Na meiguice
Perfume que exalo
Somente pra você
Desde quando adormeço
Até à hora em que me reconheço

Na melodia sou flauta
Na vida sou dança
Na terra sou esperança
No sorriso sou criança
No amor sou mulher

Silencia o seu coração
Encolhe sua alma
Machucada
Seus olhos são distantes
Fixados no oceano
Mar em dia de chuva
Sem lua
Sem estrelas
Controvérsia
No silêncio que exala
A ausência de você
E ao mesmo tempo
A sua presença que cala
Esperança
Meta do amanhã

Na melodia você é harpa
Na vida é criança
Que chora a desesperança
E busca, no entanto,
Ser do amor o menestrel

E na sinfonia da vida
Em que o sentimento passeia
E a alma se enleia
Na composição dessa música divina
Uma mulher e um menestrel
Em flauta e harpa
Unidos sem anel
Compõem melodia sem igual
Que até os anjos sabem entoar
Que até os pássaros chilreiam
Que o etéreo matiza
Que a terra semeia
Minha meiguice
Seu silêncio

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes



10 junho 2010

Porque te amo

Minha alegria
Como dia de sol
É ouvir a sua fala
Macia em meio ao sorriso
Real
De cada dia

Minha alegria
É correr em pensamento
Abraçando-te o coração
Aninhando-me em tu’alma
Beijando tua respiração
Balançando-me na rede dos teus olhos

Minha alegria
É a poesia que se cria em mim
Cada vez que em você penso
Cada vez que com você estou
Cada vez que em você estou
Porque te amo

Minha alegria
Doce e mágica alegria
Está sim e assim nesse amor
Guia de luz na minha estrada
Luz que me guia atá a sua estrada
Estrada que mais que companheiros
Na junção de eus, nos torna em nós

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes




08 junho 2010

Confiança



Ser amigo é confiar
Que a amizade te escolhe

Ser amor é confiar
Que o amor não pode machucar

Ser o que quiseres ser
Mas ser verdadeiro

Jogar pra longe traumas
Complexos e ranços derradeiros

Sorrir por expressar
E não sorrir apenas pra mascarar

Na natureza tudo é límpido
Puro e natural, por isso belo

E nós somos assim também
Aqui, acolá ou além

Partes desse universo inteiro
Vida que nos faz gigantes

Soma que nos faz fortes
Mas por que te escondes?

Sou tua amiga, sou tua amante
E ser amante é de verdade amar

Mas não de pejorativa forma
Que amor jamais será

Porque esse teu medo?
Nunca cobrarei nada de ti.

Por que esse receio
Se nada anseio?

No entanto quando te vejo
Pelo canto do meu olho

Choro junto a tristeza
Que percebo em ti

E aí gostaria tanto
De dizer vem tomar um café

E ai gostaria mais ainda
Que você viesse confiante

Fica aqui, então, o meu convite
Não te quero jamais um confinante

E o café, já sabes.
Será feito por ti...

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

06 junho 2010

Ao meu amor

No rumo das estrelas
Mandei passear minhas tristezas

No rumo do sol
Mandei plasmar os meus anseios

No rumo da lua
Mandei plantar os meus amores

No rumo do mar
Mandei buscar o infinito

No rumo do céu
Mandei laçar meus sonhos

No rumo das nuvens
Mandei navegar meus receios

No rumo dos ventos
Entreguei meus pesadelos

No rumo da chuva
Banhei lágrima por lágrima

No rumo da terra
Em terra
Encontrei-te
E as estrelas
O Sol
A Lua
O Mar
O céu
As nuvens
Os ventos e a chuva
Me fizeram tua... inteira


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

03 junho 2010

Além do muro do mundo


Na viuvez dos meus versos
Tua vida em vão seguro
E num porto junto ao mar
Da despedida final
Na porta aberta ao etéreo
Onde a tela semi mostra
Teu caminho longe a mim
Singrar não mais eu posso
No amor que foi tão nosso
Essa dor assim letal
Em que se chega ao final
Então eu vôo

Em asas quebradas
Rolo seixos e revôo
Nas dores que me avassalam
Nos punhais que se intercruzam
Na mortes que assim me matam
Nos minutos que me assustam
Sou tua e és meu de fato
E nesse caminho difuso
Além do muro do mundo
Segues assim bem primeiro
Depois eu sem te alcançar
Então eu sonho

E nesse sonho primeiro
Abraço o teu caminhar
E o coração solto
Levo sem embrulhar
Carregado pelo vento
Brilhando em seu alento
Pra lhe encontar madrigal
Nesse caminho bendito
Que se faz assim real
Grossas lágrimas
São chuvas
Em sonho sem arrebol


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

01 junho 2010

E-book - Em Movimento

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REMINISCÊNCIAS DO AVESSO

Viro-me para um lado e não encontro o outro. Não sei se é dia ou noite e carrego comigo , para onde vou, toda a estrutura do hospital.

De repente ele se abre para uma praia e lá estou. Horas outras ele se abre para uma varanda de uma fazenda da infância e lá estou no que restou.

Alguém me vira e parece que o mundo inteiro revira em mim, tamanha a sensação de torpor e de lonjura daquelas mãos que cuidam do meu corpo adormecida na inércia e dopado de medicação.

De repente pulo fora da gaiola e vou, voando rumo ao sol, um pouco mais à direita em prumo e sumo na imensidão.

Chego a um jardim em que me chama atenção a cascata de água transparente. Por trás dela conseguem se sobressair seixos de ônix, coloridos em matizes indescritíveis que colhem a minha leveza, porque meus olhos os conseguem acariciar.

Procuro, então, alvoroçada o Jardineiro Chefe do local e sento-me numa das cadeiras ao redor da mesa colossal, onde muitos estão em calma discussão. Alguém me cumprimenta e quando vejo, é você Ka, que está a me falar. Você que em egípcio quer dizer alma. Você que em vida foi realmente Ka. Amor eterno em eterna plenitude, foi, é, sempre será.

Faço um discurso curto de apresentação e digo que tenho pressa, pois meu corpo me espera, e não estou em quimera, e para ele quero voltar, para atender os desígnios que o Sr. Jardineiro permitiu fossem sementes em mim e que, agora em flores, ainda precisam que eu, ao exemplo do Sr., lhes cuide com amor o jardim, onde enraizados estão em plena expansão.

Grande murmúrio e muita troca de olhares com lindos raios de amor se projetando dos corações sobre mim. Somente então vi que andava.

E quanto mais o amor me tocava, vindo daqui e dali, mais leve eu me sentia, e volitando voava rumo ao retorno do caminho, sem dúvidas de qualquer espécie, agradecida em prece, segura num par de asas, que então me carregava assim.

Era meu anjo da guarda e nunca mais o esquecerei.

Antes de retornarmos nos sentamos junto à relva e ali adormecemos, tonificados pela seiva que das raízes do todo lançavam energia em mim.

Depois junto à orla do mar novamente me devolveram o cordão de prata que me une ao aqui e lá, e o iodo que do oceano chegava fartamente me recuperava.

Passei, antes por minha casa, pra ver se tudo estava no lugar.

Quando acordei, alguém me disse suavemente que eu vivera o retorno e foi assim que acordei..... do coma.

Criado, vivido e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes