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29 abril 2010

AMOR



Tão cansada atiro os sapatos pra fora
Retiro os brincos e fico nua de mim
Nos atabaques do meu ritual feminino
De cada dia

Tão cansada mastigo lentamente a comida
Assim como meus olhos mitigam a luz
Que já não sei se natural ou da lua
De cada noite

Tão cansada me atiro e me estiro na larga cama
Olhos fechados, alma em doce vôo
Em pés descansados chego ao jardim em flor
E na relva etérea você me colhe, sempre

AMOR
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Postado e criado por Márcia Vilarinho

27 abril 2010

Tudo o que desejo



Tudo o que desejo
Expressa aqui meu coração
Ditando à alma
Que verseje

Tudo o que desejo
É transformar-te a vida
Em poesia, dia a dia
Amando-te silente

Tudo o que desejo
É estar contigo
Sintonizadamente
Em emoção frequente

Tudo o que desejo?
É retratar-te mesmo longe
E quando triste
Alegrando-te, contente

Tudo o que desejo
É da emoção
Fazer-me pérola
E a ti exclusivo joalheiro

Tudo o que desejo
É a simplicidade do amor
Calmo em tom brejeiro
Lealmente demonstrado

Tudo o que desejo
É o que mais quero
Tua felicidade sempre
A me fazer feliz por ti

Isso... é tudo o que desejo....
Sermos quimérica alquimia
Nos versos do dia dia
Nas rimas da poesia

Criado e postado por Márcia Vilarinho

26 abril 2010

ABRAÇO ETÉREO


É tão tarde. Ouço as sombras do meu eu. Navego em mares que não são meus. Indistintos vãos numa trilha perfumada. Vagarosamente na neblina de cor rosa, você vem, você reflui. Meus olhos como de gatos transpassam seu corpo etéreo e, no entanto, sinto o seu abraço.

É tão tarde. Ouço sombras de você. Navego, então, no teu leito, no teu corpo que não é mais meu.. Há calmaria. Não sei bem se é noite ou se é dia, haja que essa luz que me norteia é diferente de tudo que já vi. Teus olhos me perpassam e sei que também sentes o meu abraço.

É tão tarde. Navego, agora, pelo mar da tua ausência, como gaivota órfã singrando todo um espaço vazio pois a névoa, de cor rosa, veio novamente, de mansinho e já te recobre, como se desvelada mãe cuidando de seu filho. E com a névoa você vai embora e no retorno do perfume no caminho, adormecida, no meu sonho acordo.

E sei, como sei, que mesmo longe no etéreo, de mim ficou a gaivota em asas e, de você, trouxe assim o refrigério de um encontro fugaz e verdadeiro.
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Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

LOCOMOTIVA DA VIDA


Locomotiva da vida
Vagões vêem
Vagões vão
Tchic Tchic
Tchic Tich
Nos caminhos
Sobre trilhos
Vou

Locomotiva da vida
Vazia de vagões
Em caminho sem trilhos
É como casa vazia
Em que cada vagão
Se fez locomotiva
Da vida
Em partida

Locomotiva sem vida
Sem mais apitos do trem
Sem thic thic thic thic
Sem cores,
Sem estações
Parada sobre os trilhos
É pura recordação
Da vida em emoção

E da chegada à partida
Viajantes não mais vão

Criado e postado por Márcia Vilarinho

19 abril 2010

Chibatas na alma



Acorda o dia
Acorda o sol
Meus olhos dormem
Sem faróis
Vou ao além
Busco e rebusco você
Um anjo voa
Vem até mim
E diz me do alento
Da tua paz assim
Chibatas na alma
Saudades sem fim
Desfeitas nas asas
De um querubim

Criado e postado por Márcia Vilarinho

12 abril 2010

E-BOOK - Sem Limites



Clique na imagem do livro para VISUALIZAR. Quando abrir, clique em f11 para ver em tela cheia.

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07 abril 2010

Substantivo próprio que forma o coletivo também!




Meus queridos amigos podemos dizer amigos, todos, de norte a sul, globais e extra-globais, que existe abaixo do texto um conversor de idiomas e para aqueles a quem o conversor não alcançar, por certo a mente conseguirá falar muito além do que podem as palavras.

Venho ponderar, refletir, revelar e relatar que me foi dado, e a tantos outros, posso lhes dizer que um sem fim, o rótulo de deficientes, como se fôssemos, por exemplo, vidros de remédios, que precisam de bula, e têm rótulo, para alguns até eu assinalaria “tarja preta”, ou até mesmo potes de ingredientes, sei lá, que essa coisificação do ser me incomoda. E por que remédios? Porque, na verdade, para muitos essas deficiências que se vêm são remédios para os karmas adquiridos...Possa ser? Mas, só para nós???!!!

Metáforas à parte, e ironias também, tenho vindo refletir, sobre vários temas, livre no meu caminhar, poesias, crônicas, textos, que espero não sejam palavras ao léu, e se o foram até então, neste momento, por certo, não o serão.

Tenho visto muita gente me chamar, por exemplo, entre outros petulantes rótulos “cadeirante” e meu olho se estatela, pra rimar com a minha costela, que também veio da de Adão. Eu me recuso a aceitar semelhante título, até porque sou substantivo e não adjetivo.

Quem sou, vamos nos recordar? Às vésperas do meu aniversário uma “senhoura”, já beirando alguns anos de rota, trilhas, experiências, amores, vida, alegria, espetáculo de vivência, de fé, coragem, maternidade, maternalização, viuvez, sonhos, paixão, trabalho árduo, realizações, aprendizados, dores e carinho.Perfeita? Não. Plena. Então além de substantivo eu também aceito o advérbio de modo. Como estou? Plena.

Plena inclusive desses rótulos multifacetados e multiaplicados, que deixam desaparecer o nome, a forma, o ser, do verdadeiro cidadão, que deve chegar antes da cadeira, da muleta, do cão treinado, da bengala, branca ou marron, dos óculos de grossas lentes, do corpo disforme...até por excesso de comida...até por carência alimentar...e outros tantos aparatos de sustentação.

Plena ainda, de preconceitos velados, sob o manto detestável da suposta e irreal capacitação. Cercada de tantos estudos eu não vejo a solução. Tantas pessoas me tomam a vaga especial, de roldão. Outro tanto delas não consegue naturalmente dar a sua mão, para andarmos de mãos dadas, tão gostoso e tão bom. Não!! Repletos de dogmas imaginam que o pobre deficiente pode de repente se apaixonar e amar e sensorialmente sentir, olha que beleza de pleonasmo. E aí você tem a mão ajuda, a mão cuidado, a mão repulsa, a mão que empurra, que acomoda a direção, a mão que é um não....e todas sem nenhuma expressão.

Queridos elos, a vida é soma de qualidades, lembrem-se do uso do filtro solar, levando a resultados e crescimentos tanto úteis quanto inúteis...e também é feita da soma das dificuldades caracterizando tanto descobertas de soluções como de destruições.

E se nos pusermos a refletir vamos sentir e perceber que há dualidade em tudo desde o nascer. Para a noite há o dia. Para o corpo há a alma! Para o defeito a hipocrisia? Ou para o defeito a sustentação? E ainda para o defeito a aceitação! E mais, para o defeito a correção! E assim parece que vamos saindo do lado avesso da via.

Bom meus amigos, porque estou a falar tudo isso. Ah! Porque eu me lembrei que não deveria esquecer nunca de dizer, olhemos todos ao nosso redor e tentemos, mas tentemos mesmo, pra valer, pra arrancada final, da pacificação e soma social, ver no outro o substantivo próprio, masculino ou feminino, ou nem uma coisa nem outra, e vamos nos estendendo as mãos, em soma de realização, sem tanta preocupação com o rótulo de identificação, que é subjetivismo...autêntico...e...de carregação.

Senhores com nomes, somos seres humanos exercendo o humano de nossos seres, vamos então finalmente ser de verdade e se a alguém ouvirem dizer cadeirante expliquem que a cadeira não faz parte do ser, e não chamemos a ninguém de pisantes, enxergantes, eficientes, normóides e outros rótulos mais, próprios, isso sim, para coisas e não para pessoas.

Ah! A todos aqueles que como eu andam de mãos dadas...meu sorriso mais feliz…e vou parar por aqui...com apoio na minha cadeira...apenas pra ir e vir...tá... sem deixar de ser Márcia Fernandes Vilarinho Lopes, substantivo próprio que forma e conforma o coletivo também.

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

04 abril 2010

Quando chega o outono

























Chove em mim, dentro de mim chove, e minha alma encharcada se despede da estrada primavera, como triste hera, desse mesmo meu caminho, ora em bifurcação.

Chove em meu coração, na despedida do ninho, dos filhos, outrora tão pequenininhos, ora pássaros em revoada total.

Chove em meus olhos, pra fora, um pranto ardente, impedindo que a represa me sufoque.

Novos tempos, nova vida, novos valores, novos aprendizados...e eu eterna aprendiz no caderno de caligrafia da vida sou obrigada a compor um novo e inédito "abc".

Recomeço, reconquista, ativista, solitária e perdida, sem semáforos, só vielas, cadê o meu velho caminho conhecido em seu palmilhar?

Terremoto é assim que te chamo tempo, idade, a solapar a minha base, a consumir meus vestígios.

Fostes primeiro, partistes, e o pranto derradeiro se estende por minh'alma adentro até onde o posso alcançar, no etéreo após a morte, ambos a soluçar a saudade que dói dia após dia...intermitentemente.

Não te perdoarei jamais por teres aqui me deixado, assim tão nua de você.

E agora se vão eles, primeiro a filha mais velha, novo lar, novo aconchego, novo núcleo familiar e na sequência o mais novo, nova lida, nova vida, novas chances...novo até breve com gosto de adeus.

Adeus primavera, adeus dias de alegria e brincadeiras, onde a família estava inteira, sem que eu como agora com as fotos apenas tivesse que conversar.

Essa saudade bandida que carrega o presente como simples vendaval, sem que possamos prender o tempo precioso no abraço mais gostoso que, um dia, já pudemos dar.

E no presente...o caminho à minha frente...mostra-me o outono latente...sozinha a passar, pelas folhas dessa trilha, cor vermelha, já tão secas, mas sem perderem a beleza da natureza em seu pulsar.

E enquanto chove, pavorosamente, em mim, chega você...assim também tão simplesmente, nesse seu ir e vir, nesse ficar.

Mais uma vez com a emoção aos saltos e os olhos a viajar, na ansiedade de entre tantos de longe já te avistar.

E nessa distância havida, eu aqui, você acolá, chega-me o velho retrato da saudade a demorar.

No entanto, no teu abraço, o meu riso, e pronto.

A chuva vai-se embora. Novo sol já a brilhar.


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes